Dor no ombro

O ombro é uma região composta basicamente por 3 articulações verdadeiras: gleno-umeral, acrômio-clavicular e escápulo-torácica.

A articulação gleno-umeral, composta pela cabeça do úmero e a cavidade glenóide da escápula, com um anel cartilaginoso chamado de lábio (labrum) glenoidal, ela possui uma cápsula ligamentar e outra tendínea (manguito rotador). A articulação acrômio-clavicular é composta pelo acrômio da escápula e pela extremidade lateral da clavícula, também é capsulada. A articulação escápulo-torácica, que poucos relatam mas é extremamente importante para a mobilidade do ombro, pois acaba afetando tanto os músculos quanto outras articulações do ombro. São invervados pelos nervos do plexo braquial, radial, axilar e supraescapular.

Vértebras cervicais e torácica alta (pescoço): Toda inervação do membro superior (incluindo o ombro) tem a sua origem na região cervical, o plexo braquial (C4-T1) que realiza a função motora e sensitiva do membro superior. Quando existe alguma disfunção articular (discos e facetas) pode gerar inflamações na região causar sensibilidade neurológica, aumentar a sensibilidade da dor e alterar o tônus e força muscular que pode desencadear sintomas clínicos de dor no ombro.

Sintomas: Dor no ombro com limitação de movimento do pescoço, pode apresentar alterações de sensibilidade no membro superior todo (braço, punho e mãos). O paciente geralmente se queixa também de tensão muscular no local ou perda de força ou estabilidade do ombro.

OBS.: É importante realizar os exames por imagem adequados para o disgnóstico mais eficaz.
O tratamento constitui em realizar técnicas específicas articulares, buscando minimizar a sobrecarga em determinadas regiões da coluna.

 

Escápula: Lembrando que o ombro é composto por 3 articulações principais (glenoumeral, acromioclavicular e escápulo-torácica) e uma pseudo articulação (subdeltóidea). O osso da escápula está presente em todas as articulações principais, cavidade glenóide, acrômio e fossa da escápula. Por isso a dor no ombro tem intima relação com essa estrutura óssea.

Ela pode ser acometida por traumas, sobrecargas, tensões musculares e alterações neurológicas motoras. Por apresentar grande importância ao ombro seus sintomas causam muitas limitações articulares, podendo gerar stress na região e consequentemente dor em vários tecidos (diversos músculos, tendões, ligamentos).

Sintomas: Dor no ombro restritiva, diminuição da mobilidade pela tensão muscular e articular. A postura antálgica de compensação elevando o ombro é bastante comum.

OBS.: Muito difícil apresentar alguma anomalia por exame por imagem, o exame é mais clínico para diagnosticar as alterações tônicas e articulares.
O objetivo do tratamento, a partir de técnicas específicas é devolvido o equilíbrio entre as estruturas da região, minimizando as dores. Escápula alada, discinesias, alteração na sincronia do movimento dentre outras, são achados clínicos.

 

Clavícula: A dor no ombro pode vir de alguma alteração na clavícula irá comprometer principalmente movimentos de elevação, depressão e rotação da articulação do ombro, pois ela trabalha em conjunto com a articulação gleno-umeral. A articulação acrômioclavicular é considerada a segunda articulação mais importante do ombro. Diversas dores no ombro podem ser decorrentes às lesões traumáticas na clavícula como um acidente automobilístico onde o cinto amorteceu todo impacto em cima da clavícula ou quedas espalmadas ou diretamente com o ombro.

Tensão no trapézio superior também pode gerar sobrecarga na articulação acrômio-clavicular pois o musculo se insere na face superior da clavícula e isso pode gerar inflamações.

Sintomas: Dor no ombro, com limitação do movimento principalmente em rotação e extensão horizontal. É bastante comum, após o trauma apresentar sinal de tecla (osso elevado – sinal de lesão articular e ligamentar).

OBS.: É importante o exame por imagem, principalmente pós-trauma, pois é necessário excluir luxações e fraturas. Técnicas específicas em torno da articulação da clavícula e de todos os músculos que nela se insere. Se houver sinal de tecla, é necessário estabilizar o movimento e evitar sobrecargas.

 

Costelas: Dor no ombro de origem costal é muito mais comum do que se imagina. A primeira costela apresenta um papel muito importante no funcionamento do ombro, ela apresenta inserções musculares e ligamentares importantes para toda cintura escapular. A primeira costela realiza movimentos sinérgicos com a clavícula, portanto, pode alterar a mobilidade do ombro, ela serve de inserção distal do músculo escaleno que está diretamente relacionado com as sintomatologias de nevralgias do membro superior (o plexo braquial passa entre os escalenos).

Essa compressão pode acontecer, também, se a primeira costela estiver elevada, irritando os nervos do plexo braquial, que passa entre a primeira costela e a clavícula, gerando sintomas neurológicos (dor, sensibilidade na pele, perda de movimento, formigamento).

As outras costelas também são importantes por que diversas musculaturas que atuam no movimento do ombro se inserem nas costelas como serrátil anterior, peitoral menor, entre outros. Problemas nessas costelas podem alterar o tônus muscular e afetar toda mecânica articular do ombro.

Sintomas: Dores no ombro com pouca restrição motora associada à tensão dos músculos da região e os sintomas neurológicos para o membro superior pode estar presente (dor, formigamento, alteração de sensibilidade).

OBS.: Se houver traumas ou quedas é importante realizar os exames de imagem para excluir fraturas.
Existem diversas técnicas específicas para as costelas com o objetivo de melhorar a mobilidade articular. Em algumas situações será importante a liberação de músculos que causam a diminuição da mobilidade articular.

 

Problemas na região pélvica (quadril): Dor no ombro por problemas no quadril? Sim…As disfunções no ilíaco (osso do quadril) pode alterar a tensão do músculo latíssimo do dorso, pois a sua inserção se localiza na região pélvica e a sua origem no úmero. Essa disfunção muscular obriga as outras musculaturas a trabalhar de forma sobrecarregada (antagonista) como o músculo supraespinhoso (responsável pelo movimento de abdução ou abertura lateral do braço) e conseqüentemente causar dores no ombro, esse é um dos motivos que o tendão do supraespinhoso é comumente lesado (tendinites).

São varias as causas de problemas no quadril, como sobrecargas, falta de ergonomia, excessos nos exercícios, traumas diretos e indiretos, torções, dentre outras.

Sintomas: Dor no ombro, com aumento do sintoma e limitação para a abdução (abertura) e flexão, com dor associada na lombar e pelve. Pode piorar tanto no alongamento quanto na contração muscular, em casos mais graves pode gerar limitação em ambos os movimentos.

OBS.: O foco da técnica é equilibrar as disfunções no quadril e sacroilíaca e tratar o músculo latíssimo do dorso. O exame clínico é extremamente importante.

 

Músculos e Tendões: Dor no ombro normalmente são diagnosticados por problemas nos tendões, mas pode ser também musculares.

Diversos músculos atuam nos movimentos do ombro, trapézio (elevação do ombro), supraespinal (abdução), latíssimo do dorso (adução), infraespinal (rotação externa), subescapular (rotação interna), redondo maior (rotação interna e adução), redondo menor (rotação externa e adução), serrátil anterior (estabilização), peitoral maior (adução horizontal), tríceps braquial (extensão), bíceps braquial (coaptação), dentre outros que se inserem na escápula e tem ação direta no movimento do ombro como rombóides, elevador da escápula.

Os tendões mais acometidos são dos músculos: supraespinal, infraespinal, subescapular, infraespinal (estes 4 formam o famoso MANGUITO ROTADOR) e cabeça longa do bíceps.

Qualquer um destes músculos, quando apresenta alguma disfunção pode afetar o equilíbrio tônico muscular e sobrecarregar a articulação. Os músculos trabalham em sinergia no movimento (equilíbrio entre contrair, relaxar, juntos ou separados), ou seja uma disfunção muscular afeta também seu músculo antagonista.

Algumas musculaturas apresentam grande importância na parte neurológica do ombro, supraespinal, tríceps braquial (cabeça longa), redondo maior, subescapular, escalenos, peitoral menor e coracobraquial, todos os nervos que inervam a região e o braço, obrigatoriamente passam por essas musculaturas. A tensão muscular pode alterar a informação neurológica, gerando sintomatologias neurológicas (dor, formigamento, diminuição da sensibilidade) no membro superior afetado.

Sintomas: As disfunções musculares normalmente causam dor no ombro restrição do movimento, em diversos planos, tanto ao alongar quanto contrair e muitas dores referidas musculares (da cabeça até as mãos). Os músculos que possuem relação com o sistema neurovascular desencadeiam sintomas neurológicos (Alteração de sensibilidade e força) do membro superior.

OBS.: O diagnóstico normalmente é feito de forma clínica, pois os exames de imagem só vão diagnosticas patologias e lesões e não tensões e disfunções. A partir de uma boa avaliação é possível tratar especificamente os músculos e tendões afetados com técnicas específicas.

 

Ligamentar: A dor no ombro de origem ligamentar é muito comum. A cápsula ligamentar que recobre a articulação glenoumeral e acromioclavicular são as mais acometidas. As disfunções são causadas pelos diferentes traumas, sobrecargas ou de forma metabólica é o caso da capsulite adesiva (ombro congelado).

A cápsula ligamentar gleno-umeral do ombro possui uma fragilidade na região ântero-inferior, por isso as luxações são causadas em rotação externa com extensão horizontal, pois força a cabeça do úmero anteriormente que atravessa a trama ligamentar, normalmente lesando o lábio glenoidal. A cápsula articular acrômio-clavicular nas quedas espalmadas, acaba causando um estiramento forte e o sinal de tecla (elevação da clavícula) acontece, ou seja, o ombro fica mais alto de deformado.

Sintomas: Dor no ombro em determinados graus de movimentos, com limitação ou sensação de instabilidade articular, piora nas grandes amplitudes de movimento.

OBS.: Os exames por imagem são importantes para diagnosticar possíveis rupturas. As técnicas manuais, possuem técnicas específicas para a melhora articular e ligamentar e é possível ter um bom prognostico.

 

Nervos: Como foi dito no tópico de cervicobraquialgia, as compressões neurológicas podem desencadear dores no ombro, pois causam inflamações e alterações da condução nervosa, gerando dores e diminuição da força. A compressão pode ser causada por uma discopatia (protusões e hérnias), osteofitoses, tensões musculares (supraespinal, tríceps braquial (cabeça longa), redondo maior, subescapular, escalenos, peitoral menor e coracobraquial).

Sintomas: Dor no ombro que pode “andar”, piora sem um determinado movimento ou sobrecarga, pode ter sintomas de dormência, fraqueza, formigamento tanto no ombro quanto no membro superior. Normalmente os pacientes adotam uma postura antálgica (seguram o braço).

OBS.: Importante realizar uma consulta com um neurologista e diagnosticar de forma eficaz para descartar qualquer doença mais grave.
Se não apresentar nenhuma patologia nos exames é possível tratar com a terapia manual ortopédica avaliando e tratando os principais pontos de compressão.

 

Problemas digestivos e diafragmático: Os problemas digestivos (fígado e vesícula biliar) e diafragmáticos podem causar dores referidas na cervical e ombros. Umas das hipóteses mais aceitas é o aumento da sensibilidade do ramo somático do nervo frênico, ou pela proximidade da região digestiva com o braço no córtex sensorial (no cérebro), acaba tendo uma dor referida reflexa. Essa dor é bem descrita nos livros de anatomia orientada para a clínica e neurofisiologia.

Sintomas: Dor difusa no ombro (principalmente o direito) com uma sensação de peso, associada às alterações digestivas (enjôos, gastrites, esofagites, azia, fermentação excessiva, má digestão, etc.), fraqueza e cansaço, associada às dores intermitentes, sem limitação de movimentos inclusive pela noite.

OBS.: Qualquer sintoma digestivo, é importante passar no gastroenterologista para o diagnóstico e tratamento específico. Se for somente uma tensão diafragmática ou algum tipo de tensão ligamentar visceral é possível realizar técnicas específicas para a melhora clínica.

 

Problemas pulmonares: A dor no ombro, em pacientes pneumopatas normalmente vem associada às dores cervicais. As dores aparecem normalmente nos pacientes obstrutivos restritivos, onde é necessário tensionar muito as musculaturas acessórias respiratórias para o aumento do fluxo ventilatório, inclusive as que causam dores nos ombros, como o trapézio superior, escalenos, serrátil anterior. A dor normalmente é causada por uma alteração postural associada à maior tensão dos músculos decorrente da dispneia.

Sintomas: Dor no ombro associada à rigidez na caixa torácica, dispneia associado às dores e limitação articular da cervical e do ombro.

OBS.: É importante sempre diagnosticar e tratar com o pneumologista, e associar às técnicas manuais para ganho de mobilidade (articular e muscular) e do fluxo ventilatório.

 

Problemas cardíacos: O coração é inervado pela região cervical e torácica, assim como os membros superiores, portanto, os problemas cardíacos podem referir dores em todo o território de inervação, pois o cérebro interpreta esse excesso de informação proveniente do coração (problemas) como dor no membro superior, da mesma forma acontece com o diafragma que pode ser “irritado” pelas inflamações dos órgãos que possui relação anatômica com ele (coração, fígado, vesícula, pulmões) e levar a dor no ombro irradiada para o braço.

Sintomas: Dor e alteração sensitiva no ombro com irradiação ao membro superior, ramo da mandíbula, angina e palpitações, alterações estomacais.

OBS.: Nestes casos procurar imediatamente um cardiologista ou o pronto atendimento de um hospital especializado em cardiologia. Após os exames, se não for coração pode ser crise de estresse ou ansiedade que precisará buscar o profissional adequado (psicólogo e psiquiatra).

 

Sequelas pós cirúrgicas: As dores no ombro pós intervenções cirúrgicas na cervical, tireóide, coração (aberto), pulmão, costelas, clavícula, e no próprio ombro pode gerar fibroses internas e perda da mobilidade articular, inflamações e dores local.

Sintomas: Dor no ombro com muita limitação da mobilidade articular, nos movimentos extremos agrava os sintomas.

OBS.: Existem técnicas para a liberação das fibroses e restrições pós-cirúrgicas. O objetivo é a melhora da mobilidade tecidual e redução da sobrecarga e inflamação.

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